sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

dança e seu financiamento...reflexões..


Hoje resolvi reativar este blog, onde posso com mais liberdade escrever o que penso sobre o que leio, escuto, vejo, degusto, sinto, em fim, vivo.
Recebi por email um questionamento sobre a dança, uma provocação, um fazer pensar, este era o questionamento:PENSAR A DANÇA ALÉM DOS EDITAIS.
A dança já é pensada para além dos editais começou sem eles e na maioria dos casos acontece sem eles, bastava fazer uma pesquisa que elencasse todas as ações desenvolvidas em dança no Brasil e identificasse quantas são apoiadas por editais públicos ou privados. Tenho a impressão que o resultado seria óbvio, mostrando que uma porção significativa das ações desenvolvidas em dança no país não possui apoio de editais, principalmente daqueles provenientes de leis de incentivo.
Desta forma defendo o ponto de vista da dança ser pensada para além dos editais, mas não abdico do pensamento e tendência da mesma continuar a ser financiada por editais.
Pensar a dança para além dos editais de incentivo é necessário, pois os editais e seus avaliadores não são nossos clientes e nossa arte não é um produto, em meu ponto de vista nem temos clientes, porém, negar os editais como opção de financiamento é demasiada ousadia.
Como vamos buscar a profissionalização, pagar prestadores de serviços, investir em tecnologia, em formação de interpretes, sem recursos e sem financiamento?
Claro que o caminho da sustentabilidade seria o ideal, ou seja, criarmos nossos espetáculo e ter a certeza que teríamos público suficiente para cobrir os custos de produção e pagar o salário dos interpretes e equipe, e ainda sobrar uma porção para investimento. Infelizmente não é tão simples assim, tente fazer o ponto de equilíbrio financeiro de uma grande ou média Cia Brasileira para a produção de apenas 1 espetáculo, ou seja, saber quantos convites (produtos) precisariam ser vendidos para o espetáculo se pagar, ser auto-suficiente, sustentável mesmo correndo riscos. Levando em conta o preço médio de mercado dos convites.
Penso que o resultado da divisão não será animador em grande parte dos casos. Por este e outros motivos é que acredito que os editais são uma ferramenta poderosa para realizar financiamento de nossos projetos, de levar dignidade e respeito a nossa arte.
É inegável que os mesmos precisam ser melhorados, os critérios precisam ser definidos com mais clareza, a periodicidade deles precisa estar pautada em projeto de lei que garantam a sua perenidade, tentando garantir que não venham a transformarem-se mais uma das tantas manobras politiqueiras e eleitorais dos “gestores” públicos, em fim a formatação destes editais precisa ser discutida, avaliada e re-avaliada pela sociedade civil, para que os direitos dos interessados sejam preservados e respeitados. Para que não aconteça o que aconteceu com o Edital Elisabete Anderle em Santa Catarina, apenas uma edição e prêmio pagos muito tempo depois, falta de respeito, ausência de profissionalismo e forte presença de inficácia na gestão.

Pensar a dança, a arte, para além dos editais SIM. Negar os editais como possibilidade real e eficaz de financiamento, NÃO! Repensar o modelo dos editais e seus critérios, NECESSÁRIO!